Lenda do Santuário

Representação da Lenda num painel de azulejos na parede exterior
da igreja de Nossa Senhora dos Remédios.
"Andando à caça, um fidalgo foi acometido duma formidável serpente, que vivia no espesso mato que ali existia. Horrorizado com semelhante aparição, trepou para cima duma árvore e possuído de grande susto invocou o auxílio de N.ª Sr.ª dos Remédios e com tanta fé pediu a N.ª Sr.ª que esta o ouviu, porque logo se achou tão encorajado que logo carregou a espingarda e com tal firmeza e felicidade disparou sobre o horroroso animal, matando-o imediatamente."
Farinha, Padre António Lourenço, A Sertã e o seu Concelho, Escola Tip. Oficinas de S. José, Lisboa, 1930
Templários
Existe na porta lateral da igreja uma Cruz do Templo gravada em granito, que deve ter pertencido à primeira ermida ali edificada pelos membros da Ordem.
Capelaria

Em 1730 a capelaria tinha os seguintes lugares: Casal d'Horta, Ladeiras, Cardim, Casal do Moniz, Pinhal Fundeiro, Pinhal Cimeiro, Abegoaria, Montinho, Nogueirinha, Outeiro das Colheres, Carrascal, Valada, Boais, Ramalhosa, Portela dos Bezerrins, Farpado, Casal da Cerejeira, Casal do Fidalgo ou do Gomes, Pederneira, Mosteiro Cimeiro, Mosteiro Fundeiro, Pombas e Machial da Carreira. Teria então um total de 295 almas.
O Padre Manso de Lima diz que no seu tempo ainda se encontrava nas casas do capelão os restos de arquitectura antiga e nas cercas ou quintais em redor da capela alicerces do convento de Santa Maria que os Templários ali teriam tido - há alguma controvérsia quanto ao lugar pois se poderia entender por convento de Santa Maria o do Seixo na freguesia do Castelo segundo o Padre António Lourenço Farinha.
A capelania chamou-se N. Sra do Olival até ao século XVIII. Era uma ermida muito devota e nobre onde D. Nuno Alvares Pereira teve particular devoção deixando por sua memoria uma estátua de cera do seu tamanho.
Nuno Alvares Pereira

Uma replica da espada de Nun'Alvares Pereira segundo Condestável de Portugal (1360-1431), guerreiro e santo - na porta lateral do recinto da capela de Nossa Senhora dos Remédios que pertence à freguesia da Sertã.
"E aqui uma pequena digressão para melhor se descrever a famosa espada de D. Nuno, que, diga-se desde já, ainda hoje existe. Segundo os velhos cronistas, bastava ver aquela espada desembainhada, para inspirar terror. A lâmina é direita e aguçada; o punho em cobre, tendo também à roda em espiral, fio de cobre; e na sua maior largura mede três polegadas, diminuindo sucessivamente até à ponta.
Num dos lados da lâmina, onde também se reconhece o signo do corregedor - uma cruz e uma estrela - D. Nuno mandou gravar esta inscrição: «Excelsus super omnes gentes Dominicus».
Na outra face está gravado o santo nome de Maria, e dentro de um círculo, as palavras «Dom Nuno Álvaro», vendo-se ainda uma contramarca, com a cruz entrelaçada por flores.
Essa mesma espada encontra-se hoje no Museu Militar de Lisboa.
Fernando Pessoa:
"Que aureola te cerca?
É a espada que, volteando, Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Arthur te deu.
Sperança consummada,
S. Portugal em ser, Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!